O século XIX testemunhou um despertar de consciencialização nacional em muitos cantos do mundo, e as Filipinas não foram exceção. Neste período, a influência das ideias iluministas europeias começou a penetrar nas colónias espanholas, semeando as sementes da mudança social e política. Entre os filipinos que abraçaram estas novas ideias estava Marcelo H. del Pilar, um jornalista, advogado e escritor brilhante, frequentemente considerado um dos “padrinhos” do movimento conhecido como “Propaganda”. Del Pilar é reconhecido por suas contribuições literárias excepcionais, especialmente a sua obra “La Soberanía de Filipinas”, uma defesa eloquente da autonomia filipina. No entanto, ele foi muito mais do que um intelectual; foi um implacável defensor da justiça social e da igualdade.
Del Pilar, juntamente com José Rizal e outros intelectuais filipinos, lutou contra a opressão colonial espanhola através da imprensa e da escrita. Os seus artigos publishedos no jornal “La Solidaridad” expunham as injustiças sociais que assolam o povo filipino, denunciando a corrupção, o abuso de poder e a falta de oportunidades para os nativos.
Para contextualizar a luta de Del Pilar, é crucial entender a estrutura colonial espanhola nas Filipinas. Durante séculos, a Espanha manteve um controle firme sobre as Filipinas, explorando os seus recursos naturais e subjugando a população nativa. Os filipinos eram submetidos a pesados impostos, tinham acesso limitado à educação e oportunidades económicas, e sofriam a discriminação sistemática por parte dos governantes coloniais.
Del Pilar e a “Propaganda”: Uma Voz para os Opressores
A resposta aos abusos coloniais veio sob a forma de um movimento reformista conhecido como “Propaganda”. Este movimento buscava reformas pacíficas através da pressão política sobre o governo espanhol. Del Pilar, como membro chave do movimento, dedicou-se à publicação de artigos e ensaios que expunham as desigualdades enfrentadas pelo povo filipino. A sua escrita era poderosa e inspiradora, apelando aos valores de justiça, liberdade e igualdade.
A “Propaganda” teve um impacto significativo na consciencialização nacional filipina. Através da publicação de “La Solidaridad” - o jornal que servia como plataforma para as suas ideias – Del Pilar e outros líderes do movimento espalharam a mensagem de reformismo entre os filipinos, tanto dentro quanto fora das Filipinas.
Reformas Propostas pela “Propaganda” |
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Representante Filipino no Parlamento Espanhol |
Livre comércio entre as Filipinas e a Espanha |
Modernização da educação filipina |
A Revolta dos Ilustrados: Um Caminho para a Independência?
Embora o movimento “Propaganda” inicialmente defendesse reformas pacíficas dentro do sistema colonial, a resistência ao domínio espanhol cresceu. Alguns membros do movimento, como Andrés Bonifacio, iniciaram uma luta armada para a independência. Bonifacio liderou a “Katipunan”, uma sociedade secreta dedicada à libertação das Filipinas.
A formação da “Katipunan” marcou um ponto de viragem na luta filipina contra o domínio espanhol. A revolta armada iniciada pela “Katipunan” em 1896, frequentemente chamada de a Revolta dos Ilustrados, destacou a crescente insatisfação do povo filipino com o colonialismo espanhol. Esta revolta foi um evento crucial na história das Filipinas, marcando o início da luta por independência que culminaria na independência filipina em 1898.
Apesar de Marcelo H. del Pilar ter falecido antes do início da revolta armada, a sua contribuição para o movimento nacionalista é incontestável. A sua escrita inflamada e as suas ideias iluministas serviram como base para as aspirações de liberdade e justiça que impulsionaram os filipinos em direção à independência.